Bem Doida!

sexta-feira, dezembro 20, 2002

Triiiiimmmmm!!!
_ Alô... Koltrane, pra você...
_ Pra mim!

Sim, era o povo bem doido. E lá estava eu de óculos, camisola e chinelos passando hidratante com Eugénie Grandet à minha espera. O povo clama! Boto um vestido apressadamente e abro a porta. "Minha filha, você vai descer assim?". É, eu e minha cara cheia de pomadas pra espinhas. Cor-de-rosa. Santa mãezinha a me avisar. Enfim, desço. Arlindo! Arlindo!, eles pedem ensandecidamente. Eu me curvo às suas vontades, garganta já pedindo o que a Bohemia presenteada agradou. Gostinho bom na boca. Volto pra casa, boto lentes, sandálias, pego a bolsa e os documentos. Sim, lá fomos nós. Quinta-feira, meio de semana, véspera de prova, de trabalho... Sóphs no aeroporto às cinco. Como é possível!? Inteira? Nada a ver! Vamos aproveitar. Não tinha Bohemia, vai Antárdiga mesmo. Guilherme Arantes troando, recuerdos de la infancia, mais cardápios criando vida própria. Brincos também. Meu sutiã não. Ele não criou vida própria. Nem foi roubado por engano pelo cunhado. Eu simplesmente o esqueci. Pressa, sabe como é? Ninguém percebeu. Nem o tio Ismael, que lá estava com a minha ex-editora. Perdi toda a moral e a oportunidade de um emprego porque ambos me viram pulando na rua. Mas não vai fica assim não. Nem fui eu que pedi pra botar Roberto Carlos. "Esqueça se ele não te quer. Esqueça se ele não te ama mais.."

Boa noite. Au revoair. Vou me lascar nessa prova.

E a culpa é de vocês.