Bem Doida!

segunda-feira, dezembro 30, 2002


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Caralio, barão...muito provavelmente eu tenha escrito bilhares de "caralios" nessa bagaça durante esse 2002, né não??? mas como é o penúltimo dia do ano, vou dar uma aliviada nos meus queridos palavrões fudidos e falar pouco nome sujo pela boca da garota boca suja... vou meramente reproduz um mail já reproduzido no Fabrikarla, direcionado a todos que fazem o Bem Doida:

----- Mensagem original -----
De: DEAFI - Karla Maria de Santana Alves
Enviada em: segunda-feira, 30 de dezembro de 2002 18:15
Para: Undisclosed-Recipient:;
Assunto: Feliz Ano-Novo ???

E aê, pessoal ? Blz ???

Esse é mais um e-mail sem frases milimetricamente prontas e sem votos pré-concebidos em cartões de boas festas. É pra desejar coisas boas no ano que vem. Aliás, é pra desejar outra coisa: crescimento pessoal para cada um de nós. Eu li uma vez, em algum lugar, que o importante não é desejar que o ano seja bom. O ano pode ser bom ou ruim, porque o que realmente interessa é COMO nós seremos no seu decorrer. Então, não irei desejar um ano bom pra nenhum de vocês. O que eu desejo é que nós nos tornemos pessoas melhores em 2003.

Seja uma pessoa melhor em 2003!

Abraços e beijos a todos,

Karla Santana

PASSAGEM DO ANO

O último dia do ano
Não é o último dia do tempo.
Outros dias virão
E novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida.
Beijarás bocas, rasgarás papéis,
Farás viagens e tantas celebrações
De aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com sinfonia
E coral,

Que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor,
Os irreparáveis uivos
Do lobo, na solidão.

O último dia do tempo
Não é o último dia de tudo.
Fica sempre uma franja de vida
Onde se sentam dois homens.
Um homem e seu contrário,
Uma mulher e seu pé,
Um corpo e sua memória,
Um olho e seu brilho,
Uma voz e seu eco.
E quem sabe até se Deus...

Recebe com simplicidade este presente do acaso.
Mereceste viver mais um ano.
Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos séculos.

Teu pai morreu, teu avô também.
Em ti mesmo muita coisa, já se expirou, outras espreitam a morte,
Mas estás vivo. Ainda uma vez estás vivo,
E de copo na mão
Esperas amanhecer.

O recurso de se embriagar.
O recurso da dança e do grito,
O recurso da bola colorida,
O recurso de Kant e da poesia,
Todos eles... e nenhum resolve.

Surge a manhã de um novo ano.

As coisas estão limpas, ordenadas.
O corpo gasto renova-se em espuma.
Todos os sentidos alerta funcionam.
A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
Lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia

Carlos Drummond de Andrade

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