O valor que damos às coisas...
Deitada no quarto, aos prantos, ouço meu irmãozinho de três anos gritar do outro lado da porta:
-Méeeuúuuu... c tá chorando, tá?!
Na espera da resposta que não veio, ouço, ainda enoglindo os soluços:
-Você se machucou foi?
Um breve sorriso seguido da mais rápida reflexão "eu me machuquei?!" e o silêncio na tentavia de vencê-lo pelo cansaço e que me deixasse sofrer em paz.
-Méeeeuúuuu, fala comigo! Você tá com dor, é?!
E mais uma vez penso na dor que me consumia e na resposta que não sabia dar, me limitando à responder com a voz embargada:
"-Não meu amor, estou bem... (sem tempo sequer para refletir sobre mais essa mentira, me vem o ultimato)
"-Ah, então sai daí e vem brincar comigo! Eu também estou bem! Zamu logo!"
Saí do quarto, enchuguei as lágrimas que ele fingiu não ver, e me deparei com um largo sorriso. Era pura satisfação, parecendo não ter qualquer motivo óbvio para tal felicidade, apenas estar vivo. Dei o primeiro chute na bola e esqueci os motivos que tinham me feito gastar lágrimas, apertar o peito, inchar os olhos e retardar aquele momento delicioso...
Meu irmão completará três anos no próximo dia 7 e vê a vida exatamente dessa forma. Se você não tem porquê chorar, não o faça. Se não caiu de skate, não levou um belo tombo enquanto corria e nem levou uma bronca daquelas, não chore! Viva! E, se em algum momento tiver motivos para chorar, não minta - viva isso também! Exatamente igual a ele: na hora em que doer, mesmo que seja no meio de todos, sem esperar dengo nem colo, não abafe a dor, mostre todos os dentes e o vermelhinho da garganta, ocupe todo o espaço com o som do seu choro e faça valer aquela dor!
Deitada no quarto, aos prantos, ouço meu irmãozinho de três anos gritar do outro lado da porta:
-Méeeuúuuu... c tá chorando, tá?!
Na espera da resposta que não veio, ouço, ainda enoglindo os soluços:
-Você se machucou foi?
Um breve sorriso seguido da mais rápida reflexão "eu me machuquei?!" e o silêncio na tentavia de vencê-lo pelo cansaço e que me deixasse sofrer em paz.
-Méeeeuúuuu, fala comigo! Você tá com dor, é?!
E mais uma vez penso na dor que me consumia e na resposta que não sabia dar, me limitando à responder com a voz embargada:
"-Não meu amor, estou bem... (sem tempo sequer para refletir sobre mais essa mentira, me vem o ultimato)
"-Ah, então sai daí e vem brincar comigo! Eu também estou bem! Zamu logo!"
Saí do quarto, enchuguei as lágrimas que ele fingiu não ver, e me deparei com um largo sorriso. Era pura satisfação, parecendo não ter qualquer motivo óbvio para tal felicidade, apenas estar vivo. Dei o primeiro chute na bola e esqueci os motivos que tinham me feito gastar lágrimas, apertar o peito, inchar os olhos e retardar aquele momento delicioso...
Meu irmão completará três anos no próximo dia 7 e vê a vida exatamente dessa forma. Se você não tem porquê chorar, não o faça. Se não caiu de skate, não levou um belo tombo enquanto corria e nem levou uma bronca daquelas, não chore! Viva! E, se em algum momento tiver motivos para chorar, não minta - viva isso também! Exatamente igual a ele: na hora em que doer, mesmo que seja no meio de todos, sem esperar dengo nem colo, não abafe a dor, mostre todos os dentes e o vermelhinho da garganta, ocupe todo o espaço com o som do seu choro e faça valer aquela dor!
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