Bem Doida!

quinta-feira, dezembro 26, 2002

Estava eu, linda, loira e japonesa no ponto do ônibus perto de casa, ao lado de um boteco derrubado, na terça feira. Eu ia no Centro fazer comprinhas básicas mesmo com aquele sol e um calor beirando o insuportável. Ia sim.
Olhei pro lado e tinha um senhor de uns cinquenta e poucos anos, bêbado, sentado no chão, agarrado a um Luizim. O homem olhou pra mim, olhou pro celular, olhou pro saco cheio de limões que estava ao seu lado. Olhou mais uma vez pra mim. E levantou.
Por incrível que pareça, não senti medo, apesar de estar sozinha na parada. O cara mesmo bêbado parecia gente boa. Chegou perto, se apresentou e começou a falar que Natal era a celebração do nascimento de Cristo, e blá blá blá blá blá, que deveríamos a amar as pessoas como se não houvesse amanhã, blá blá blá blá blá e falou um monte dessas coisas bem de Natal mesmo.
Quando o papo já estava ficando legal entre eu e meu novo amiguinho, lá vem o ônibus.
- Poxa, o papo tá tão legal...mas...eu preciso ir, tá?
- Tá certo...Olha, moça. Feliz Natal, viu? Que Deus te proteja e te faça muito feliz. Eu tenho um presente pra te dar. Toma, é um presente de Natal!
E tirou o maior limão de dentro do saquinho sujo e me deu, com um sorriso nos lábios e as pernas bambas de tanto Luizim.
[ainda tem muita gente boa no mundo]