Bem Doida!

segunda-feira, outubro 14, 2002

Ainda se lembra do dia em que foi à fazenda do avô. Menina da capital, não sabia brincar essas brincadeiras de interior. Foi soltar pipa e - que desastre! - ela quase não saiu do canto. Os primos mangando a valer com suas pipas altas lá no céu. Teve vontade de chorar, mas ficou ali tentando não dar o braço a torcer. Fazia tanta força que os braços doíam. Não é questão de força, dizia o pai, mas de jeito. Após um monte de tentativas em vão, sua pipa finalmente começou a subir lentamente, com suavidade e cheia de cores vazadas pelo sol. Um brilho de celofane. Ela sorria, encantada e orgulhosa. Mas de repente um cerol cortou-lhe a linha. Engoliu o choro. Afinal agora sua pipa era a que voava mais alto, mesmo que o destino tivesse lhe escapado às mãos.

TODO MUNDO SENTE ISSO TODO DIA.
KOLTRANE, COMO SEMPRE, SUPEROU-SE.